Uma das minhas paixões além da Tecnologia da Informação sempre foram as bicicletas. Comecei a andar em uma aos quatro anos e aos dez ganhei uma barra forte dupla do meu pai. Em 1975 na empresa onde trabalhava fiz amizade com um colega português que havia trazido de sua cidade natal uma bicicleta de marchas. A amizade com o colega português continua até hoje, assim como o amor por pedalar. Na época era uma grande novidade bicicletas com marchas e logo a curiosidade me levou a descobrir que a Caloi havia lançado aqui no Brasil uma bicicleta de 10 marchas, a Caloi 10, que eu logo adquiri. Na época bicicletas comuns (sem marchas) eram objetos de desejo de toda criança e de muitos adultos. Porém as bicicletas de marchas ainda eram vistas como trapaça entre os colegas que ficavam para trás nas pedaladas. Demorou algum tempo até que todos cedessem a simples tecnologia das marchas. Uma vez muito dos meus amigos já equipados com marchas passamos a fazer passeios por cidades em torno de 100km de distância e éramos tratados com muita curiosidade, como seres vindo de outro planeta. O engraçado é ver como esses grupos de ciclistas são comuns hoje em dia.
No inicio da virada do milênio, ano 2000 eu e mais um grande amigo que fazia caminhadas na Floresta da Tijuca – RJ me sugeriu andar de bicicleta nesta região por ser uma área fechada a carros, muito climatizada devido ao grande numero de arvores e fomos já com uma MTB, bicicleta de 27 marchas e suspensão dianteira. Pedalamos por mais de 3 horas e não passamos por mais nenhum outro ciclista, somente pessoas fazendo caminhada. Não estou dizendo que fomos os primeiros, mas que a frequências de ciclistas nesta área era quase nenhuma. Descobrimos então ser um ótimo local para se praticar este esporte com lazer e conseguimos aos poucos formar um grupo em média de 6 ciclistas e realizar uma vez por mês um pedal na Floresta da Tijuca. Com o passar dos anos a frequência de ciclistas nesta região começou a aumentar e com o início da pandemia passou a ser muito o número de frequentadores com bicicletas nesta região.
A alguns poucos anos reencontrei um amigo de longa data que me sugeriu comprar uma Ebike, bicicleta assistida. A Ebike diferente das bicicletas elétricas funciona com uma bateria com motor de indução que permite conforme a potencia das pedaladas dar suporte (assistência) diminuindo o esforço do pedal em até 30% nas subidas. É uma bicicleta também com marchas mecânicas, diferentemente das bicicletas elétricas ela não funciona se não pedalar. Ela permite que o ciclista se desgaste menos nas subidas e ande distancias maiores em geral com uma autonomia de 80 a 150kms, dependendo da velocidade que se anda e do esforço que se faz, quanto mais menos uso da bateria. As elétricas chegam no máximo a 40km de autonomia em piso plano e não conseguem subir quando a pista tem um pouco de inclinação. As Ebike sobem pista ou terreno de qualquer inclinação, podem acreditar.
Na floresta da Tijuca, local considerado atualmente um dos melhores do mundo para pedaladas de amadores e treinamento de profissionais do ciclismo não vimos outras Ebikes além da minha e do meu parceiro de pedalada por mais de três anos seguidos. Isso considerando que na Floresta da Tijuca temos é frequentado atualmente por bicicletas profissionais que custam mais que um carro zero km (até de luxo).
Em outros países, principalmente na Europa é comum ver Ebikes, é um item de sonho de consumo de vários aficionados em pedalar. Aqui no Brasil e principalmente no Rio de Janeiro é vista com muito preconceito de que não se esforço em uma Ebike e que sofrer pedalando em uma bicicleta comum é o máximo. Sei que alcançar um objetivo, principalmente físico requer esforço mas com sofrimento acho idiotice.
Se hoje em dia posso executar com eficiência e excelência meu trabalho tenho que novamente destacar meu aprendizado no início da carreira. Um dos treinamentos que fiz internamente em uma empresa que trabalhei contava com a participação de uma empresa americana envolvida no setor de qualidade. Eram 50 participantes que foram indagados por mais de uma hora sobre o que achavam ter QUALIDADE de um produto ou serviço. Depois de várias tentativas de resposta sobre o assunto o professor finalmente escreveu no quadro: QUALIDADE É A SATISFAÇÃO DO CLIENTE. Não importa se um produto tem boa aparência ou parece sofisticado, ou se o profissional acha que o serviço foi bem executado, o que importa é se o cliente ficou satisfeito. Ao desenvolver ou realizar algo não se deve fazê-lo para si e sim para quem vai utilizar.
Sempre que a vida me dá um limão mas não faço logo uma limonada com ele. Planto as sementes, cuido até o limoeiro crescer, frutificar, colho então vários limões e faço limonadas, caipirinhas, tortas, bolos, sorvetes, picolés, mousses, etc. e ainda distribuo com os amigos.
Seja no mundo das Bikes, Ebikes ou da tecnologia segue a premissa de que a curiosidade sempre nos leva mais longe e muitas vezes antes dos outros. Acho que eu não tenha nascido à frente do meu tempo, só tenha nascido em um país em que muitos acreditam que a curiosidade mata o gato. Pois bem, nem sempre o gato morre, na maior parte das vezes ele só corre melhor e mais rápido.
OK.
FELIX MELO.
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